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Mercado financeiro: entenda como funciona e como investir

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O mercado financeiro é um daqueles termos que parecem amplos e complexos demais? Nesse artigo, nós descomplicamos o conceito para você! Spoiler: compilamos aqui absolutamente todas as informações que você precisa saber para começar a investir.  

Além do seu funcionamento, siga na leitura para descobrir:

  • Como o mercado financeiro funciona;
  • Quais são os mercados dentro deste conceito;
  • Quais os principais investimentos disponíveis;
  • Como começar a investir;
  • 10 dicas para investidores iniciantes.

Para o final, ainda reservamos uma recomendação valiosa sobre por onde você pode começar a se organizar financeiramente para se tornar um investidor mais inteligente.

Siga conosco!

O que é mercado financeiro?

O mercado financeiro é o ambiente onde se negociam ativos financeiros, como títulos, commodities, ações e moedas. Sua principal funcionalidade é facilitar a transferências de recursos entre diferentes agentes econômicos, em prol do crescimento econômico nacional.

Em termos mais simples, a dinâmica requer a participação de dois agentes: investidores e instituições financeiras. Enquanto o primeiro disponibiliza recursos com o objetivo de multiplicá-lo, o segundo fiscaliza e regula as transações para garantir sua eficácia e segurança.

O mercado financeiro é composto por uma série de submercados, digamos assim. São eles:

  • Mercado de câmbio;
  • Mercado monetário;
  • Mercado de crédito;
  • Mercado de capitais.

Cada qual com suas particularidades, todos seguem lógicas semelhantes. Ou seja, o dinheiro é aplicado em um título ou ativo, na expectativa de que este valorize futuramente, a depender da operação em questão.

Para simplificar, pense em um empréstimo como exemplo. Nesse caso, um cidadão deve recorrer a um banco ou instituição de crédito para solicitar a quantia da qual necessita. Se aprovado, o valor precisará ser devolvido futuramente com o acréscimo de juros

Como funciona o mercado financeiro?

O funcionamento do mercado financeiro se dá pela aproximação de agentes deficitários e superavitários. Ou seja, de quem precisa de recursos e de quem os empresta.

Esse “encontro” ocorre em diferentes mercados dentro do sistema financeiro. Assim, existem ambientes para negociação de ações, concessão de empréstimo, câmbio de moedas estrangeiras e comercialização de produtos como ouro e boi gordo.

No mercado de capitais, por exemplo, empresas emitem ações para captar recursos. Em troca, oferecem uma participação no seu capital. 

Por outro lado, investidores compram essas ações esperando lucrar com a valorização dos papéis ou com a distribuição de dividendos — algo que pode ou não acontecer, a depender das oscilações e interferência de fatores externos e internos. 

A negociação nesses mercados pode ocorrer de maneira direta, como na compra de ações na bolsa de valores, ou de maneira indireta, através de Fundos de Investimento geridos por profissionais. 

Em todos os casos, a transparência e a confiança são fundamentais nessa relação. Para garantir isso, o mercado financeiro conta com um sistema robusto de instituições que normatizam e supervisionam cada operação. 

Dentre todas, temos o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como principais. Antes de prosseguirmos, entenda rapidamente o que cada uma faz:

  • Banco Central: autarquia federal autônoma ligada ao Ministério da Economia, responsável por controlar quais instituições financeiras podem operar no Brasil e fiscalizar suas atividades. Atua como a autoridade monetária nacional, influenciando a inflação e a taxa de juros (Selic) por meio do Comitê de Política Monetária (Copom);
  • CVM: autarquia que fiscaliza, normatiza e disciplina o mercado de valores mobiliários, garantindo a proteção dos investidores e a transparência das informações. Supervisiona Fundos de Investimento, Bolsa de Valores, corretoras e empresas de capital aberto, com o objetivo de prevenir fraudes e manipulações.

Quais são os principais mercados financeiros?

Os mercados de câmbio, monetário, de crédito e de capitais são as principais partes do mercado financeiro. Embora cada um tenha uma dinâmica própria, todos estão interligados.

Entenda: 

Mercado de câmbio

Este é o ambiente no qual se negociam moedas estrangeiras. Aqui, não falamos apenas do câmbio para fins de turismo, mas também aquele relacionado à importação e à exportação. 

Quando uma transação ocorre, aplica-se a taxa de câmbio. Dito de maneira simples, é o preço que se paga para adquirir uma moeda de outro país — a quantia de dinheiro nacional necessária para viabilizar a conversão.

Embora essa taxa de câmbio seja flutuante e varie com frequência — tome as altas e baixas do euro e do dólar como exemplo —, o Banco Central tem o poder de interferir no mercado quando necessário. Por meio do controle do volume das reservas internacionais do país, pode tentar influenciar o preço dessa taxa.

Ainda sobre o câmbio, é importante mencionar que ele é composto por dois mercados:

  • Primário: neste estão os turistas que compram moedas estrangeiras para viajar e empresas que exportam e importam produtos. Na prática, a entrada e a saída do dinheiro do país é direta;
  • Secundário: aqui, as transações com moedas estrangeiras são feitas entre os próprios bancos, ou entre corretoras, hotéis e agências de turismo.

Mercado monetário

O mercado monetário é acessível somente para instituições financeiras e as operações realizadas neste ambiente são de curto e curtíssimo prazo. Embora os empréstimos possam durar até um ano, é comum que as transações sejam feitas em prazos de 24h. 

Aqui, temos o responsável por promover a liquidez monetária no país. Para você entender como isso acontece, vamos tomar os bancos como exemplo. Com o objetivo de encerrar o expediente com o caixa positivo, como a lei prevê, estes realizam empréstimos entre si diariamente — por meio de Certificados de Depósito Interbancário (CDI).

Dessa dinâmica nasce a taxa DI, utilizada como base para a rentabilidade de muitos títulos de renda fixa. Seu cálculo é feito pela B3, que estipula quais juros serão praticados nos depósitos interbancários.

A liquidez desse mercado também vem das decisões tomadas pelo Banco Central sobre a circulação do real brasileiro no país

Quando a inflação está alta demais, o Bacen retira a quantidade de moeda disponível por meio da venda de títulos públicos. A liquidez, por sua vez, diminui e a economia é desacelerada. Isso também é feito pelo aumento das taxas de juros ou da taxa DI.

Se a intenção for aquecer a economia, a circulação do real é aumentada, a taxa de juros diminui e, consequentemente, a população se vê mais estimulada a consumir e a investir. A liquidez, nesse caso, se torna mais alta.

Mercado de crédito

Neste, são realizadas as operações de concessão de crédito para pessoas físicas e jurídicas. As transações envolvem a participação de dois elementos:

  • Credores: bancos e instituições financeiras;
  • Tomadores de crédito: pessoas físicas ou jurídicas.

No que tange às negociações em si, estas podem ser encontradas em prazos diversos (curto, médio e longo) e também com a aplicação de diferentes taxas de juros, a depender das políticas estabelecidas por quem está cedendo os recursos. 

A título de curiosidade, este mercado é um dos grandes responsáveis por movimentar a economia brasileira

Quando uma pessoa física recebe uma quantia de dinheiro, por exemplo, está apta a fazer uma aquisição que, de outra forma, não seria possível — comprar uma casa ou um automóvel, por exemplo. Logo, acaba gerando demandas para as empresas e incentivando a prestação e a produção de serviços.

Uma pessoa jurídica, por exemplo, utiliza o recurso concedido de outras maneiras. Ao expandir as atividades de uma companhia, comprar maquinários ou financiar o próprio desenvolvimento, traz resultados positivos para a população, como novas oportunidades de emprego e o estímulo da atividade econômica.

Mercado de capitais

Por fim, este é o ambiente no qual investidores, empresas e governos são conectados, para negociar títulos, ações e debêntures.

De um lado, o emissor do título que busca captar recursos e financiar expansões; do outro, os investidores que desejam aplicar o próprio dinheiro a fim de que este aumente com o passar do tempo, por meio de sua valorização ou do acréscimo de juros.

Note que essa dinâmica não é a mesma que a concessão de financiamentos e empréstimos. Isto é, no mercado de crédito, as operações são realizadas diretamente entre bancos e solicitantes. No mercado de capitais, por outro lado, são negociados ativos, sob o intermédio de corretoras de valores, que não assumem o risco das operações — ao contrário do que acontece com um banco. 

Quais são os principais tipos de investimentos?

Dentro do mercado de capitais, os principais tipos de investimentos são:

  • Tesouro Direto;
  • CDB;
  • LCI e LCA;
  • LC;
  • Debênture;
  • Ações;
  • Previdência Privada.

Um investimento pode ser de renda fixa ou variável. Isto é, os rendimentos do título ou ativo podem ser, respectivamente, mais estáveis e previsíveis, ou mais voláteis e sujeitos às flutuações de mercado. 

Na renda variável, os ganhos estão diretamente ligados ao desempenho de ativos como ações e, ao mesmo tempo que podem resultar em retornos significativos, também apresentam maior risco de perdas.

A grande diferença, porém, está no fato de que nos investimentos de renda fixa você já sabe qual será a forma de remuneração antes de comprar o título. Na renda variável, entretanto, não é possível saber como e se será remunerado. Afinal, os investimentos podem, em casos extremos, tanto cair até zero quanto multiplicar por milhares de vezes.

Conheça os detalhes sobre cada um deles:

Tesouro Direto

Os títulos do Tesouro Direto são emitidos pelo Governo Federal. Quem investe neles, portanto, está “emprestando” dinheiro ao governo, que utilizará os recursos para financiar melhorias em setores como educação, saúde e afins.

Em troca, o investidor recebe o montante aplicado com um acréscimo de juros, a depender do título específico que escolheu inicialmente. Aqui, temos uma aplicação de renda fixa, disponível em prazos de vencimento variados.

Seja na própria plataforma do Tesouro ou de uma corretora de valores, essas são as categorias gerais que você vai encontrar:

Títulos prefixados

O investidor sabe exatamente qual será a sua taxa de remuneração no final do prazo combinado, pois a aplicação considera uma taxa de juros fixa. 

Embora transmita mais segurança aos iniciantes, pode não ser uma boa ideia para quem deseja proteger o poder de compra futuramente.

Títulos pós-fixados

Os retornos estão atrelados a um indicador econômico, geralmente o CDI ou a taxa Selic. Nesse caso, embora os lucros ainda sejam previsíveis, eles serão corrigidos de acordo com o indexador. Consequentemente, o investidor não sabe exatamente quanto irá receber.

Quando o título escolhido é pós-fixado, esse cálculo é aplicado ao lucro do investidor. Logo, este não sairá perdendo caso o dinheiro tenha permanecido aplicado por longos períodos.

Títulos híbridos

Como o seu nome indica, é uma variação do Tesouro Direto que une características prefixadas e pós-fixadas

Funciona assim: uma parte dos retornos é devolvida ao investidor a partir de uma taxa combinada no início da aplicação. Essa porcentagem, então, é informada em números exatos. Por outro lado, uma parcela do lucro será corrigida a partir da inflação.

CDB

Aqui, temos os Certificados de Depósitos Bancários. Seu funcionamento é bem similar ao investimento no Tesouro Direto: o investidor “empresta” o seu dinheiro à instituição emissora (nesse caso, os bancos) e recebe em troca uma remuneração em forma de juros.

Em relação ao capital levantado pelos bancos com esse tipo de operação, este é utilizado para conceder crédito a outras pessoas. Repare em como o mercado financeiro é interligado! 

Em geral, o indicador que afeta a rentabilidade dos CDBs é a taxa DI — aquela cuja origem são as transações que os bancos fazem entre si. Assim, se um título for disponibilizado como capaz de render “100% do CDI”, por exemplo, significa que o investidor vai receber 100% do que a taxa render no período.

Assim como os títulos do Tesouro Direto, os CDBs também podem ser encontrados nas categorias prefixados, pós-fixados e híbridos.

LCI e LCA

Respectivamente, se tratam de Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). Nesse caso, os recursos captados pelas emissoras são destinados ao desenvolvimento dos setores imobiliário e do agronegócio, como indica o nome de cada título.

Ao contrário de outras alternativas de renda fixa, a liquidez desses papéis é menor. Consequentemente, os investidores que precisam vender os títulos antes do combinado podem enfrentar certo grau de dificuldade para encontrar interessados em comprá-los.

Outra característica é que há um prazo de carência vigente entre os CDBs. Por isso, há sempre um período mínimo no qual os recursos devem permanecer aplicados — esta é uma determinação do Conselho Monetário Nacional (CMN). 

Por fim, vale pontuar que as LCIs também estão disponíveis nas categorias prefixados, pós-fixados e híbridos.

LC

Uma LC é uma Letra de Câmbio. Seu funcionamento segue a mesma lógica de demais títulos de renda fixa: os recursos aplicados são devolvidos pela instituição emissora com o acréscimo de juros e apresentam opções ligadas a índices de inflação — geralmente o IPCA. Também podem ser contratados nos formatos prefixados, pós-fixados e híbridos.

A maior diferença é que quem emite LCs não são bancos, mas financeiras. Instituições do tipo não contam com agências, nem oferecem contas correntes. Embora possam emitir títulos próprios, assim como os bancos, se restringem a um número menor de alternativas — LCs e RDBs.

Debênture

Debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas privadas. 

Quem investe nessa alternativa está cedendo recursos às companhias emissoras, que direcionam o dinheiro para projetos de expansão e desenvolvimento. Em troca, como acontece com outros títulos de renda fixa, o patrimônio é devolvido com o acréscimo de juros — de maneira prefixada, pós-fixada ou híbrida.

As condições da emissão ficam a cargo da própria empresa, ou seja, as especificidades sobre a rentabilidade e o prazo da aplicação. 

Além disso, é importante que você não confunda debêntures com ações. Uma companhia capta recursos dessa forma — emitindo títulos — pois é um caminho mais barato do que solicitar um empréstimo tradicional. 

As ações, por outro lado, são emitidas quando a empresa abre o seu capital na bolsa. Quem as compra, se torna acionista — como veremos a seguir.

Ações

As ações são pequenas parcelas do capital de uma empresa. Em termos mais simples, é como se fosse um pedaço diminuto de uma companhia. 

As organizações que emitem esses ativos na bolsa de valores o fazem em busca de captar recursos, para futuramente utilizá-los no investimento em novos projetos. 

Ao contrário do que acontece nas debêntures, onde o rendimento vem de um acréscimo de juros informado no momento da aplicação, um acionista pode perder ou ganhar dinheiro com a valorização (ou desvalorização) do ativo. 

Por conta disso, é considerado de renda variável. Em outras palavras, nenhum retorno é garantido e o prejuízo é uma possibilidade. Ao mesmo tempo, os lucros potenciais são muito maiores. 

Quando alguém compra uma ação, o faz com o objetivo de esperar que até o seu valor suba para posteriormente lucrar com a sua venda. Quanto ao tempo de aplicação do dinheiro, cabe unicamente ao acionista. Há desde quem faça as transações de compra e venda no mesmo dia, até quem mantenha as posições por anos no portfólio.

Dentre os fatores que podem afetar o preço de uma ação, temos:

  • Desempenho financeiro da empresa emissora;
  • Condições econômicas gerais;
  • Taxas de juros;
  • Notícias e eventos específicos do setor de atuação da companhia;
  • Sentimento do mercado e confiança por parte dos investidores;
  • Políticas governamentais e regulamentações;
  • Inovação e avanços tecnológicos;
  • Concorrência no setor;
  • Alterações na gestão da empresa;
  • Situações macroeconômicas, como desastres naturais e outros eventos inesperados.

Previdência Privada

A Previdência Privada é um investimento de longo prazo, cujo objetivo é ser um complemento à aposentadoria oferecida pelo Governo. Mesmo assim, qualquer pessoa com objetivos financeiros de horizonte temporal mais longo pode se valer dos benefícios da aplicação.

Enquanto titular de um plano de Previdência, o investidor faz aportes regulares, que serão distribuídos entre uma seleção de diferentes tipos de ativos e títulos (ações, debêntures, Fundos de Investimento etc.), segundo o contrato escolhido e a estratégia adotada pela gestora do plano.

Com o passar do tempo, a ideia é que o patrimônio juntado cresça e seja preservado contra a perda de poder aquisitivo. Por fim, é possível resgatá-lo em vários saques periódicos ou de maneira total.

Como investir no mercado financeiro?

Investir no mercado financeiro é, de maneira geral, uma excelente maneira de fazer o seu dinheiro render. Para isso, é importante que se construa um portfólio bem diversificado e que o investidor saiba aproveitar as oportunidades de aplicação mais adequadas ao seu perfil. 

Deseja chegar lá? Então, siga este passo a passo prático de como investir.

Passo 1: organize as suas condições financeiras atuais

Antes de tudo, é preciso deixar a sua vida financeira em dia. Em termos mais objetivos, isso significa se livrar das dívidas e começar a construir uma reserva de emergência

Despesas acumuladas se tornam mais caras com o passar do tempo por conta do acréscimo de juros gerado pelos atrasos no pagamento, ou pela quantidade de parcelas feitas. 

Se a situação do endividamento for grande demais, é extremamente improvável que os rendimentos de uma aplicação a superem. Além disso, considere que, no caso da renda variável, os ganhos não são garantidos e, na renda fixa, alguns prazos devem ser respeitados para que o resgate antecipado do dinheiro não gere prejuízos.

Logo, a saída mais eficiente é que, antes de investir, tente renegociar as dívidas, em busca de condições mais favoráveis de pagamento. Futuramente, quando tudo estiver sob controle, você se encontrará em um momento propício para investir.

Nessa jornada, aproveite também para começar um planejamento financeiro. Ou seja, comece a registrar todas as suas receitas e despesas, controlar para onde vai o seu dinheiro e se esforçar em prol de construir condições financeiras que não te levem ao aperto.

Passo 2: defina quais são os seus objetivos

Diferentes objetivos requerem prazos distintos — curtos, médios ou longos. Se aposentar, por exemplo, é uma meta que leva anos. Comprar um carro, por outro lado, demanda menos tempo e recursos.

 No mercado financeiro, a quantidade de títulos e ativos é enorme. Cada um vai apresentar condições distintas: prazos, dinâmica de retorno, taxas de juros, tributação, entre outros. Logo, ter clareza sobre quais suas expectativas ao investir é fundamental para que você tome as decisões corretas ao construir seu portfólio.

Se a ideia for investir para construir uma reserva de emergência, por exemplo, uma sugestão é que a sua carteira tenha uma base mais voltada para a renda fixa.

Resumidamente, não é uma questão de “certo” ou “errado”. O que importa, na verdade, é que você conheça o seu próprio perfil, o seu grau de tolerância ao risco e as suas metas — somente assim é possível compor um portfólio eficiente e sustentável.

Passo 3: abra conta em uma corretora de valores

Agora, um passo mais técnico. Abrir conta em uma corretora de valores é simples e leva apenas alguns minutos. A maioria, inclusive, conta com versões de suas plataformas disponíveis para smartphones, o que vai facilitar a sua rotina de investimentos.

Atenção: na hora de fazer a sua escolha, cheque a lista de corretoras autorizadas pela B3 a operar. Essa é a maneira mais eficaz de garantir que está depositando o seu dinheiro nas mãos de uma intermediária segura e confiável.

Logo ao abrir a conta, você será submetido a um questionário para descobrir o seu perfil de investidor. Esse se trata de uma série de perguntas sobre suas condições financeiras atuais, nível de conhecimento e experiência sobre o mercado financeiro, e sua tolerância ao risco. 

A depender das respostas, uma dessas alternativas deverá corresponder ao seu momento atual:

  • Conservador: tem baixa tolerância ao risco, então prefere investimentos mais seguros e estáveis;
  • Moderado: prioriza a segurança ao investir, mas está disposto a tolerar algum risco em troca de retornos maiores no longo prazo;
  • Arrojado: tolera riscos maiores em prol de retornos mais altos e sente-se confortável em investir em ativos mais voláteis;
  • Agressivo: o foco é maximizar os ganhos, ao mesmo tempo em que investe em mercados de altíssimo risco e confortável com a possibilidade de sofrer algumas perdas significativas no processo.

Recomendamos que você refaça esse teste periodicamente. Afinal, com o passar do tempo, naturalmente ganhará mais experiência e firmeza na hora de investir. Com isso, provavelmente o seu perfil evoluirá.

Passo 4: explore e selecione os títulos e ativos disponíveis

Este é o momento de colocar em prática tudo o que aprendeu sobre o mercado financeiro. Na plataforma da corretora, você encontrará todas as informações sobre os títulos e ativos disponíveis, geralmente organizados de acordo com suas classes (renda fixa e renda variável, por exemplo).

Antes de tomar uma decisão, certifique-se de estar ciente sobre o funcionamento do investimento, entendendo os seus prazos, dinâmica de rentabilidade, pagamento de juros e recomendação quanto ao perfil de investidor correspondente.

Passo 5: acompanhe o desempenho do seu portfólio

Mesmo que os seus objetivos financeiros sejam de longo prazo, é importante que você analise periodicamente a performance do portfólio. Essa é uma maneira de averiguar se a carteira ainda corresponde às suas expectativas e está se desempenhando dentro do esperado. 

Tudo isso, aliás, é feito dentro da mesma plataforma onde as aplicações foram feitas. A sua distribuição estará disposta em forma de gráficos e, além disso, terá acesso a todos os dados relevantes em relação às suas escolhas.

Importante: jamais tome uma decisão por impulso. Se algum ativo estiver apresentando um desempenho negativo, procure entender a razão para a queda antes de vendê-lo, a fim de se certificar sobre qual caminho vale mais a pena — mantê-lo no portfólio ou se desfazer dele.

No que diz respeito aos títulos de renda fixa, vale o lembrete de que, muitas vezes, eles aparecerão com rentabilidade negativa na plataforma. Não se assuste: isso se deve à marcação a mercado e não significa que os seus lucros futuros, combinados no início da aplicação, estão perdidos.

A marcação a mercado ilustra unicamente o preço atual do título. Ou seja, quanto ele valeria caso fosse vendido naquele momento. O prejuízo, então, só existirá se você fizer um resgate antecipado e se desfazer das suas posições. Caso as mantenha até o fim do prazo estabelecido, a sua rentabilidade será a mesma que contratou inicialmente.

Antes de prosseguirmos, saiba que rebalancear o portfólio é uma estratégia perfeitamente normal. Se analisar com racionalidade a sua carteira e concluir que é hora de fazer algumas mudanças, não sinta receio de fazê-lo. 

Isso é comum, por exemplo, quando uma classe de ativos começa a se sobressair sobre a outra, fugindo da estratégia do investidor. Imagine o seguinte: se a ideia era construir um portfólio composto de 80% por títulos de renda fixa e 20% por ativos de renda variável, o rebalanceamento é a melhor alternativa se a renda variável se tornar desproporcional, ultrapassando o limite imposto de 20%.

10 dicas sobre mercado financeiro para iniciantes

Começar a aplicar o próprio dinheiro é um passo e tanto. Acredite: o medo inicial é normal e pode ser perfeitamente controlado se você seguir algumas dicas para te ajudar a ganhar confiança e experiência nessa missão.

A seguir, separamos 10 conselhos práticos que vão ser úteis na sua jornada:

Dica 1: comece pela renda fixa

Títulos de renda fixa têm rendimentos mais estáveis e dinâmica de funcionamento menos complexa. Basicamente, a maioria envolve “emprestar” dinheiro à instituição emissora, que o devolverá com o acréscimo de juros dentro de um prazo pré-determinado.

Por serem mais seguros, não é à toa que são os preferidos dos investidores com perfil conservador ou que estão passando pelas suas primeiras experiências no mercado financeiro.

Dica 2: realize pequenos aportes 

Se mesmo com ativos menos voláteis você sente medo de perder dinheiro, comece a aplicar quantias menores. A maioria dos investimentos permite que você faça aportes acessíveis, então, se isso te faz se sentir mais confortável, é possível iniciar um portfólio com pouco.

Importante: naturalmente, aplicações maiores têm mais potencial de gerar retornos robustos. Ao sentir mais firmeza nesse terreno, aumente gradualmente a quantia investida para, aos poucos, construir uma carteira maior.

Dica 3: faça simulações de investimentos

Essa funcionalidade está disponível principalmente entre os títulos de renda fixa. No simulador do Tesouro Direto, por exemplo, você não somente consegue fazer projeções fictícias de investimento, como ainda recebe ajuda para determinar qual alternativa disponível mais se enquadra nas suas perspectivas. 

Dica 4: diversifique o portfólio em pequenos passos

Quando o seu patrimônio está distribuído entre diferentes classes, ativos e títulos, ele se torna mais seguro e sustentável. Caso tenha receio de lidar simultaneamente com várias aplicações, experimente realizar aportes menores em opções distintas até que se sinta mais confortável.

Além disso, saiba que espalhar o seu dinheiro entre diferentes títulos é possível dentro de uma mesma classe. Ou seja, você pode selecionar, por exemplo, algumas alternativas de renda fixa. Assim, a diversificação fica por conta das empresas emissoras, dos setores onde estão inseridas e da dinâmica de retornos.

Dica 5: faça uma reserva de emergência antes de investir

Há quem prefira contar com reservas de dinheiro antes de começar a investir. Essa é uma alternativa para se sentir mais seguro frente ao receio de possíveis perdas. Quanto ao tamanho dessa economia, recomenda-se o seguinte:

  • Para trabalhadores formais: a quantia deve ser capaz de manter o seu padrão de vida por 6 meses caso você perca o emprego;
  • Para autônomos: a quantia recomendada é equivalente a 12 meses de gastos, de acordo com o seu padrão de vida. Afinal, o trabalhador autônomo possui menos previsibilidade que um CLT ou funcionário público, por exemplo. 

Vale lembrar que muitas pessoas optam por investir justamente para aumentar essa reserva de emergência. Se esse for o seu caso, tenha em mente que os títulos de renda fixa costumam ser os mais buscados, dada a sua estabilidade. 

Ainda, preste atenção no prazo de vencimento dos títulos que escolher para compor um portfólio com esse objetivo. Afinal, o resgate antecipado pode te trazer prejuízos, caso necessite desse fundo emergencial por conta de algum grande imprevisto.

Dica 6: facilite o acesso aos seus investimentos

Às vezes, dar o primeiro passo e fazer um aporte nem sequer é a tarefa mais custosa. A parte mais difícil é manter o hábito e acompanhar o desempenho do portfólio.

Para evitar esse problema, instale no seu celular o aplicativo da corretora de valores onde tem os seus investimentos e defina notificações que te lembrem de fazer checagens periódicas nos seus títulos e ativos.  

Dica 7: ao começar a investir em ações, comece por empresas grandes

Esse momento chega para todos: a passagem de investidor conservador para investidor moderado. Ou seja, quando o seu conhecimento sobre o mercado financeiro já é consistente o suficiente para aumentar a exposição a ativos mais voláteis, como as ações.

Por mais que esse seja um movimento rumo à renda variável, também existe a possibilidade dar primeiros passos mais cautelosos. Você pode, por exemplo, começar adquirindo ações de empresas emissoras mais sólidas, se valendo da história daqueles grandes nomes que todos conhecem. Por mais que essa estratégia ainda não torne os retornos garantidos, é uma forma de começar com ativos menos suscetíveis às oscilações do mercado, que têm mais chances de registrar quedas menos bruscas no preço.

Dica 8: eduque-se financeiramente

Um bom investidor é aquele que está em constante processo de aprendizado. O mercado financeiro muda, notícias são dadas diariamente e a economia passa por diferentes ciclos — e tudo isso tem o poder de afetar o desempenho do seu portfólio.

Estar a par de todos esses conceitos e novidades é o caminho mais certeiro para aqueles cujo objetivo é gerir melhor o próprio dinheiro e tomar decisões mais informadas ao investir.

Se você não sabe por onde começar, separamos alguns conteúdos úteis:

Dica 9: entenda como funcionam os ciclos econômicos

Ciclo econômico é nome que se dá às mudanças na economia, divididas em quatro fases gerais:

  • Expansão: fase de crescimento econômico, caracterizada pelo aumento da produção, das oportunidades de emprego e da renda;
  • Boom: ponto alto do ciclo econômico, quando o crescimento atinge seu pico máximo. Muitas vezes, vem acompanhado pela alta inflação;
  • Contração: é um período de desaceleração econômica, com redução na produção, na oferta de empregos e nos investimentos;
  • Recessão: por fim, uma fase de declínio prolongado na atividade econômica, marcada geralmente pela queda significativa do PIB, pelo aumento do desemprego e pela redução do consumo.

Essas oscilações são naturais e, periodicamente, você verá a economia brasileira passando por todas elas, da prosperidade à recessão. 

Enquanto investidor, porém, compreender as nuances de cada uma é importante para tomar decisões mais acertadas de acordo com o período em questão. Para ilustrar a relação com um exemplo simples, saiba que, em época de expansão, os ativos de renda variável ganham mais força. Na recessão, porém, as taxas de juros tendem a aumentar, tornando os títulos em renda fixa mais atrativos.

Dica 10: evite o comportamento de manada

À primeira vista, notar que “todo mundo” está aplicando em determinado ativo pode te levar a crer que essa seria, em tese, uma boa opção de investimento. No entanto, esse é apenas um viés cognitivo e você deve evitá-lo ao máximo.

Esses gatilhos mentais ocorrem aos montes nos investimentos: comportamento de manada, acreditar que ganhos passados garantem retornos futuros, entre outros. Se não frear esses impulsos e agir com racionalidade, as chances de sair no prejuízo são altas.

Antes de confiar cegamente na popularidade de uma aplicação ou se deixar levar pelas emoções, analise a oportunidade de investimento com calma. Cheque o mercado em geral, o setor ao qual o ativo pertence, a reputação da emissora e tudo o mais que for realmente relevante para embasar a sua decisão.

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