Sabia que nem todos os investidores têm acesso aos mesmos ativos e produtos? Pois é, algumas opções mais complexas e arriscadas estão disponíveis somente para aqueles que se enquadram na categoria de investidores qualificados.
Na prática, isso significa que apenas os que tiverem conhecimento e experiência suficientes podem se aventurar em determinadas modalidades de aplicação. Para quem busca maior crescimento no mercado financeiro — e quem não quer? —-, esse status é mais uma forma de conquistá-lo.
Entenda neste artigo o que é um investidor qualificado e mais:
- Quais os tipos que existem;
- Diferença entre investidor qualificado e profissional;
- Qual a importância desse investidor ao mercado;
- Quem é considerado investidor qualificado;
- Quais as principais vantagens de ser um;
- Quais produtos estão restritos aos investidores qualificados;
- Como se tornar um.
E se você está aqui em busca de se tornar um investidor mais inteligente, pois sabe que conhecimento é dinheiro, fique até o final! Após terminar a leitura, te daremos uma dica excelente sobre como começar a extrair o melhor dos seus recursos.
O que é um investidor qualificado?
De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), um investidor qualificado é aquele que possui mais de R$1 milhão investido ou que tenha determinadas certificações financeiras reconhecidas pela instituição.
A designação serve para diferenciar aqueles que contam com mais experiência e conhecimento no mercado de capitais, bem como para evitar que investidores inexperientes se arrisquem em operações de alta complexidade.
A definição oficial do termo, aliás, pode ser encontrada no texto da Resolução CVM 30.
Esse documento ainda estabelece que as instituições financeiras devem sempre notificar o investidor toda vez que este tentar fazer uma aplicação que não corresponde ao seu perfil.
Quais são os tipos de investidores?
Dentro da categoria de investidor qualificado, há ainda a separação entre dois subgrupos: investidores comuns e profissionais.
Entenda:
Investidor comum
Esta é a categoria mais abrangente, que engloba a maioria das pessoas. Investidores comuns têm acesso a produtos financeiros tradicionais, como ações e títulos, mas estão sujeitos a restrições regulatórias mais rigorosas.
Para começar a aplicar e se tornar um, nenhuma experiência ou patrimônio financeiro é necessário. Inclusive, a classificação também pode ser chamada de “investidor de varejo” ou “investidor individual”.
De acordo com a Anbima, essa classificação serve principalmente para proteger a população de se envolver em negociações nas quais há pouca informação disponível ou cujos ativos passam por dificuldades de precificação. Consequentemente, previne a ocorrência de abusos de mercado, fraude ou vendas mal feitas.
Investidor profissional
De acordo com a CVM, os investidores profissionais são as pessoas físicas ou jurídicas que possuem investimentos financeiros em valor nominal superior a R$10 milhões e também validem por escrito essa condição.
São geralmente intermediários financeiros, como corretoras e bancos, que atuam em nome de clientes. Eles têm maior flexibilidade nas operações, mas também devem cumprir requisitos específicos.
Fundos de Investimentos, companhias seguradoras e assessores autorizados também se enquadram nessa categoria.
Entre as vantagens, está a possibilidade de acessar investimentos específicos que não estão disponíveis nem aos investidores comuns e nem aos qualificados.
Qual é a diferença entre investidor qualificado e investidor profissional?
A diferença está na quantia obrigatória de dinheiro que precisa estar aplicada. Enquanto o investidor qualificado deve comprovar um total de R$1 milhão em ativos, o investidor profissional deve contar com R$10 milhões em aplicações.
O montante de um profissional, afinal, precisa ser muito maior e é por isso que os maiores exemplos desta categoria são instituições que realizam aportes em nome dos clientes.
Nessa dinâmica, acabam assumindo riscos maiores em prol de retornos atrativos. Isso porque um de seus deveres é expandir as carteiras de investimentos que administram por meio de produtos mais complexos.
A título de curiosidade, CRIs e CRAs exclusivos, Fundos em Participações (FIP) e algumas debêntures incentivadas estão entre as opções disponíveis somente aos investidores profissionais.
Quem pode ser um investidor qualificado?
No Brasil, de acordo com a instrução da CVM nº 554, os investidores qualificados podem ser:
- Pessoas físicas;
- Investidores institucionais;
- Investidores profissionais;
- Profissionais do mercado financeiro.
Entenda como o status é aplicado a cada um deles:
Pessoas físicas
São os indivíduos que possuem investimentos financeiros no valor superior a R$1 milhão e que atestem por escrito essa condição.
Investidores institucionais
Se tratam de Fundos de Investimento, Fundos de Pensão, instituições financeiras e outras companhias que realizam aportes e gestão de carteiras em nome dos clientes. Aqui, o mínimo em aplicações também é R$1 milhão.
Investidores profissionais
Aqui, o valor mínimo em aplicações é outro: enquadram-se nesta categoria pessoas físicas ou jurídicas que detêm investimentos financeiros no valor superior a R$10 milhões. Além disso, é necessário atestar por escrito essa condição.
Profissionais do mercado financeiro
São as pessoas naturais que tenham sido aprovadas em exames de qualificação técnica ou possuam certificações aprovadas pela CVM.
Estes selos são requisitos para o registro de assessores de investimento, administradores de carteira de valores mobiliários, analistas de valores mobiliários e consultores de valores mobiliários, em relação a seus recursos próprios.
Vale ressaltar que não são todas as certificações aprovadas pela CVM que permitem ao investidor se enquadrar como qualificado. Portanto, é importante checar antes de aplicar o patrimônio.
Quais as principais vantagens de ser um investidor qualificado?
Sob o status de qualificado, um investidor tem acesso a aplicações exclusivas, maior potencial de retorno, menos restrições regulatórias e outras vantagens.
Conheça cada uma delas:
Acesso a investimentos exclusivos
Hedge e Fundos Restritos são algumas das possibilidades disponíveis apenas para investidores qualificados e profissionais.
Enquanto investidor comum, é impossível fazer esse tipo de aplicação. Afinal, dado o grau de complexidade das negociações, as instituições financeiras e os órgãos reguladores restringem o acesso à maioria da população para fins de proteção dos investidores menos experientes.
Diversificação avançada
Com a possibilidade de adotar estratégias mais complexas, a diversificação de portfólio de um investidor qualificado se torna mais sofisticada e rentável. Ao mesmo tempo, os riscos assumidos podem ser gerenciados de formas mais avançadas.
Negociação de produtos derivativos
Investidores qualificados têm a permissão para negociar contratos de derivativos, como opções e futuros, o que pode resultar em ganhos alavancados.
A título de informação, ao operar alavancado, é possível negociar ativos com mais dinheiro do que se possui em conta — desde que o investidor tenha recursos suficientes para cobrir possíveis perdas. Quanto aos lucros, estes podem ser obtidos em maior escala, seguindo as proporções da aplicação.
Menos restrições regulatórias
Regulamentações de proteção ao investidor muitas vezes são menos rigorosas para investidores qualificados, proporcionando maior flexibilidade em suas operações.
A mesma vantagem reflete para as emissoras dos ativos. Isto é, essas empresas enfrentam menos barreiras ao divulgar as informações sobre as aplicações, normalmente exigidas para evitar que investidores comuns assumam riscos desnecessários.
Potencial de retorno mais elevado
Investimentos mais complexos geralmente vêm acompanhados de um maior potencial de retorno, embora esteja implícito um nível mais elevado de risco.
É por isso que os investidores qualificados têm o hábito de realizar análises técnicas e fundamentalistas, de modo a preservar a liquidez dos investimentos e desenvolver uma estratégia eficaz de aplicação.
Quais os riscos de ser um investidor qualificado?
Ao ter acesso a ativos de maior complexidade, naturalmente um investidor qualificado também precisa assumir riscos maiores, como o de volatilidade.
Conheça os principais:
Complexidade elevada
O acesso a modalidades mais complexas de investimento implica em lidar com ativos cujas informações divulgadas não sejam consistentes. Logo, é necessário um esforço extra por parte do investidor qualificado, a fim de avaliar a relação entre risco e retorno de uma aplicação.
Temos aqui a situação oposta a do investidor comum, que tem à disposição, na maioria das vezes, gráficos e relatórios para consulta.
Volatilidade acentuada
Produtos financeiros exclusivos têm maior potencial de retorno. No entanto, isso significa que estão mais suscetíveis às oscilações do mercado. Na prática, da mesma forma como o investidor pode multiplicar o seu patrimônio, também está vulnerável a perdas mais substanciais.
Menos proteção regulatória
Investidores qualificados recebem este status por serem considerados mais experientes. Logo, se deduz que estão aptos para assumir os riscos de aplicar em produtos com menos proteção regulatória. Caso haja algum problema durante a operação, as perdas possíveis são maiores do que seriam nas transações de um investidor comum.
Necessidade de tempo e conhecimento
Por fim, dados os níveis mais altos de volatilidade, e a falta de regulações e informações consistentes, é natural que estes investidores necessitem de mais tempo para se aprofundar sobre os produtos exclusivos desejados.
Produtos que só investidores qualificados podem investir
Fundos de Hedge, Fundos Restritos e algumas ofertas públicas de debêntures são alguns dos produtos financeiros que estão disponíveis unicamente para investidores qualificados.
Siga com a leitura para conhecer cada uma dessas modalidades:
Fundos de Hedge
Os gestores dos Fundos de Hedge têm mais liberdade ao escolher as estratégias de alocação. Logo, as modalidades selecionadas tendem a ser mais arrojadas que em outros Fundos.
Com o objetivo de obter os maiores retornos possíveis, podem até mesmo se valer de técnicas como arbitragem e alavancagem. Entenda:
- Arbitragem: realização de compra e venda de ativos em mercados distintos, a fim de alcançar lucros rápidos com a diferença dos preços;
- Alavancagem: ato de investir um valor maior do que aquele disponível em conta. Esse recurso extra é disponibilizado pelas próprias corretoras.
Fundos Restritos
Nos Fundos Restritos, a participação dos cotistas é limitada. Ou seja, há um número máximo de investidores que podem adquirir as cotas disponíveis.
Em geral, a modalidade serve aos interesses de grupos específicos, como famílias e, é claro, grupos de investidores qualificados.
Nos contratos, por sua vez, constam políticas de aplicação mais flexíveis, incluindo ativos que são geralmente de difícil acesso para investidores comuns.
Ofertas públicas de debêntures
Uma debênture é um título de dívida emitido por uma empresa. Assim, quando uma companhia necessita de recursos para financiar projetos, pode captá-los por meio dos investidores, em vez de recorrer a empréstimos em bancos.
A aplicação mínima depende de cada emissora. Logo, algumas aceitam unicamente os aportes de investidores qualificados, com injeções iniciais altas e relacionadas a ativos de maior complexidade e risco.
Como se tornar um investidor qualificado?
Para se tornar um investidor qualificado, é fundamental satisfazer os critérios estabelecidos pelas autoridades reguladoras do seu país.
No Brasil, por exemplo, é necessário possuir investimentos financeiros que ultrapassem o valor de R$1milhão (R$10 milhões para investidores profissionais). Tirar alguma certificação financeira que permita o enquadramento como investidor qualificado é outra opção para se enquadrar no status.
Abaixo, listamos os meios possíveis para se tornar um:
1 – Acumule o patrimônio de R$1 milhão investido
Aqui, a somatória do capital líquido deve ser igual ou maior a R$1 milhão, em aplicações localizadas no Brasil. Para quem já a possui, é necessário atestar por escrito essa condição.
Com esse requisito, o objetivo das instituições brasileiras é proteger os investidores menos experientes contra riscos desproporcionais ao seu grau de conhecimento.
2 – Trabalhe com investimentos
Em geral, profissionais e instituições também são classificados como investidores qualificados, já que aplicam grandes quantias de dinheiro em nomes dos portfólios que administram.
Entre as profissões mais frequentes de quem opera sob esse status, temos:
- Clubes de investimento, desde que um ou mais cotistas se enquadrem na categoria de qualificados;
- Assessores de investimentos;
- Analistas de valores mobiliários;
- Gestores de portfólio.
Para exercer cargos do tipo, algumas certificações financeiras são obrigatórias. Afinal, emitir ordens de compra e venda ou orientar clientes em processos de decisão de investimento são responsabilidades massivas. Logo, apenas aqueles com conhecimento comprovado podem assumi-las.
3 – Obtenha uma das certificações reconhecidas pela CVM
A obrigatoriedade de determinadas certificações financeiras para caracterizar alguém como investidor qualificado tem fins de proteção. Em termos mais simples, os exames técnicos servem para atestar que uma pessoa tenha um conhecimento profundo sobre o mercado de capitais.
Conheça as principais certificações que habilitam a se tornar investidor qualificado:
CGA
Emitido pela ANBIMA, o selo habilita um profissional a trabalhar na gestão de recursos de terceiros. Logo, pode operar com ações, Fundos de Investimentos, Fundos de Índice e outras modalidades.
Qualquer pessoa que atue diretamente no processo de decisão de compra e venda de ativos precisa passar neste exame.
Gestão de carteiras de renda fixa e variável, investimentos no exterior, avaliação de desempenho e administração de riscos são algumas das temáticas abordadas nas questões da prova.
CEA
Este é outro selo emitido pela ANBIMA, que concede aos aprovados o título de especialista em investimentos. Por meio dele, é possível atuar na recomendação de produtos financeiros para clientes de segmentos variados.
Planejamento, economia, finanças e gestão de carteiras são alguns dos conhecimentos exigidos na prova.
CFP
A CFP é uma certificação emitida pela Planejar e significa Certified Financial Planner. De caráter internacional, torna o profissional apto a trabalhar como planejador financeiro pessoal.
Ética, gestão de investimentos, planejamento de aposentadoria e gestão de riscos estão entre as capacidades exigidas do candidato que prestar o exame.
CNPI
Disponibilizada pela Apimec, a certificação CNPI requer a aprovação do candidato em dois exames de três, no mínimo: Conteúdo Brasileiro, Conteúdo Global e Conteúdo Técnico. Resumidamente, essa regra existe para atestar não somente capacidades técnicas, mas de ética e conduta também.
Qualquer profissional que tenha poder decisório ao lidar com carteiras de investimentos precisa contar com a CNPI para exercer a função.
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Seja investidor qualificado ou comum, fato é que todos que operam no mercado de capitais desejam o mesmo: encontrar a melhor rentabilidade, gerir riscos e preservar o próprio patrimônio.
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